Experiência de uma mulher separada com filho no Tinder

Cuidado, a matéria na coluna do Marcelo Rubens Paiva no Estadão tem conteúdo forte e pode ser pesada para o estomago.


Nunca tive conta em applicativos de encontro. Mas lembro de sentir nos ombros o peso da realidade que é ser mãe que cria seus filhos sozinha no Brasil. 

Quando li essa matéria que encontrei no Facebook, eu me lembrei daquele dia, tomando um café com uma grande amiga. Ela estava há tempos tentando ser cupido pra mim e um rapaz que a gente conhecia. No começo eu não gostei muito da ideia, mas depois, como eu confiava nela, eu comecei a me simpatizar.

Só que naquele dia, ela estava me contando de uma conversa mais direta que teve com ele sobre o assunto. E o que ela me contou foi como ouvir uma sentença que há tempos eu relutava e ainda demorei a aceitar: apesar de me achar uma mulher inteligente e bonita, ele não estava interessado por que eu já tinha dois filhos grandes e ele não daria conta de criar filhos de outro homem.

Por mais que eu não quisesse acreditar, era a minha realidade. Já tinha ouvido isso antes. “Como uma mulher sozinha, com dois filhos vai conseguir ir morar no exterior??? Até parece!”

Meus filhos nunca foram anjinhos super comportados, nem aquelas crianças cristal ou índigo que se falam em artigos por aí...  e eu tenho consciência das minhas limitações como mãe, não sou perfeita, mas fiz meu objetivo de vida cria-los e fazer deles pessoas de bem e via que por onde passavam, eram crianças queridas e aprecisadas. E ainda assim, sempre encontrava em meu caminho qualquer um que me dissesse que por causa deles, minha vida e meus sonhos estavam para sempre limitados.

Depois de um intenso processo em que eu muito me esforcei para “colocar meus pés no chão”, finalmente aceitei minha sentença de ser “damaged good” e percebi que minhas lindas crianças na verdade eram meus anjos da guarda, um escudo. Toda vez que alguém interessante aparecia, já fazia questão de falar deles e apresenta-los, antes de qualquer envolvimento. Qualquer pangaré disfarçado de homem já deixava cair a máscara e assim eu nem me iludia.

Mas só fiz isso uma vez. Depois disso, não mais precisei.

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